Vivemos em um momento econômico em que cada Real conta. E por isso, comprar bem, com o melhor custo x benefício, se tornou quase que uma obrigação. Se de um lado, as pessoas e empresas evoluíram a maneira como compram, do outro lado, os vendedores também evoluíram (ou pelo menos deveriam) o modo como vendem.

Eu defendo que “vender” é a arte de transferir credibilidade. Vende mais quem transfere mais credibilidade. E uma das competências demandadas para esse fim é a competência da comunicação.

Toda vez que você faz uma apresentação do seu produto/serviço ou um pitch de vendas “cara a cara” com o seu futuro cliente, você tem uma oportunidade de ouro. Afinal, você tem a chance de usar uma série de recursos de comunicação verbal e não verbal que, se bem usados, vão te ajudar a transferir credibilidade. Postura, expressão facial, gestos, tom de voz; tudo contribui para ter uma comunicação assertiva e eficaz.

Mas, e ao telefone? Como você pode transferir credibilidade se o cliente não te vê?

Numa experiência em 2015, na Universidade de Princeton, o Dr. Uri Hasson usou a tecnologia conhecida como imagens por ressonância magnética funcional (IRMf) para provar que as reações cerebrais provocadas em um grupo de voluntários que assistiu a um determinado filme, foram as mesmas reações no segundo grupo, que apenas ouviu uma gravação de áudio, feita pelos voluntários que viram o filme, com base nas suas lembranças. Ou seja, por si só, o poder da linguagem evocou as mesmas experiências mentais daqueles que tinham visto o filme.

O que quero dizer? Que mesmo ao telefone, você pode transferir credibilidade usando os mesmos recursos de comunicação, que normalmente usaria com o seu interlocutor, tête-à-tête. Como? 

1. Crie uma boa primeira impressão

Toda vez que você inicia uma conversa ou apresentação, o seu interlocutor, subconscientemente, se pergunta se pode confiar em você e respeita-lo. Isso é conhecido como primeira impressão.

Ele ou ela vai confiar em você se sentir empatia, em outras palavras, se for com a sua cara (mesmo não te vendo).

Para gerar empatia, aproveitar os primeiros segundos da ligação é crucial. Isso mesmo, os primeiros segundos, não minutos. Então, inicie a ligação com a energia lá em cima, com o mesmo entusiasmo e simpatia que você usaria se estivesse presencialmente. (Não tente ser falso. Mesmo ao telefone, as pessoas percebem). Cumprimentar o seu cliente de forma cordial e calorosa, usando o nome dele, com um sorriso no rosto, é uma bela forma de gerar empatia. Acredite em mim! Ele vai imaginar você sorrindo e dizendo o nome dele (o som mais precioso do mundo).

Ele vai respeitar você se sentir segurança no seu discurso.

Então, mostre domínio no assunto, quer esteja apresentando a sua empresa ou o seu produto/serviço. Fale com naturalidade, mas com propriedade, clareza e raciocínio lógico. Lembre-se: simplicidade não tem relação com simplório. Seja capaz de ajustar sua comunicação de acordo com o perfil do seu futuro cliente. Seu discurso tem que fazer sentido pra ele.

2. Capriche na linguagem corporal

Um estudo realizado na Universidade da Califórnia, em 1967, pelo professor Albert Mehrabian, afirma que 7% da eficácia da comunicação dependem da linguagem verbal (do conteúdo), enquanto 38% da voz, e 55% da linguagem corporal. Daí surgiu a regra 7-38-55. (É importante lembrar que o estudo não quer dizer que o seu conteúdo só vale 7%. Ele quer dizer que, se você não usar corretamente o “não verbal”, ou seja, não houver coerência entre o seu conteúdo e sua voz e corpo, ele pode ser reduzido a meros 7%. Fez sentido?)

“Como assim, linguagem corporal ao telefone?”, você deve está pensando. Sim, sua postura, gestos e expressões faciais exercem tanto poder na sua comunicação, que podem fazer uma pessoa do outro lado da linha, e do mundo, imaginar o seu rosto enquanto fala, sem nunca tê-lo visto; apenas por ouvi-lo.

Experimente gravar suas ligações. (Isso vale para seus audios de WhatsApp ou Telegram também.) Primeiro, sente-se de forma desleixada, cruze os braços e ligue para um potencial cliente. Depois faça uma segunda chamada, adotando uma postura positiva (sentado ou em pé), fazendo gestos de forma natural, usando e abusando das expressões faciais, enquanto fala com a pessoa do outro lado da linha. Peça para alguém que não o viu fazer a experiência ouvir os áudios e responder em qual ligação você transmite mais credibilidade.

Sua voz é um ótimo condutor de emoções, mesmo aquelas expressas em silêncio, por sua linguagem corporal.

E por falar em voz, vamos à terceira dica: 

3. Dê vida à sua voz

Como já mencionado, no estudo californiano acima, provou-se que 38% da eficácia da comunicação dependem da voz. Isso não quer dizer que você precisa ter voz de locutor para se comunicar de modo eficaz. E sim que que precisa dar vida, ou como eu gosto de dizer, dar colorido à sua voz, variando o tom, o ritmo, o volume e usando pausas.

Em resumo, a venda por telefone impõe uma série de limitações visuais, mas isso não significa que você tenha que se render a elas. Potencializar o uso dos recursos da boa comunicação dará a você a oportunidade de transferir ainda mais credibilidade aos seus prospects ou clientes e consequentemente, a vender mais.

É como diz o meu amigo Bob Floriano, a voz da Casas Bahia: “quem fala bem, vende mais”.